A nova edição de Dungeons & Dragons está pra sair em junho. As notícias sobre a 4a. edição começaram a surgir em agosto do ano passado, logo após o seu anúncio oficial na GenCon 2007.
Quando fiquei sabendo sobre a 4a. edição, não gostei muito da novidade. Afinal já estou acostumado com a versão atual, a famosa edição 3.5, que pode ser considerada a versão final da 3a. edição. A 3a. edição na minha opinião não passou da versão beta da 3.5. Claro que na época que a edição 3.5 saiu, eu também não fiquei nada feliz. Não foi uma mudança grande em relação a 3a. edição, mas ocorreram mudanças em várias regras, e caso se decida mudar como ocorreu após um tempo com meu grupo, temos que nos readaptar às novas regras, e isso demora algum tempo. Foi bem mais fácil no caso da edição 3.5, pois o núcleo do jogo continuou o mesmo, a maiores mudanças foram mudanças para manter um jogo equilibrado para as diferentes classes e raças, em algumas regras de combate que eram desnecessariamente complicadas na edição anterior, e várias mudanças em relação às magias. Após um tempo do lançamento da edição 3.5, nosso grupo resolveu testar a nova edição, e logo depois a adotamos como a versão oficial dos nossos jogos de D&D. Eu tive que desembolsar mais uma grana quando resolvemos adotar a versão nova pra comprar os novos livros da edição nova, e perder o dinheiro gasto nos livros da edição anterior foi a parte mais chata da transição.
Voltando a falar da 4a. edição. A idéia de ter que me desfazer de todo o material que possuo sobre a edição atual, quando a nova edição sair, me deixou um pouco "chateado", e acabei resolvendo que não procuraria informações sobre a nova edição até que houvesse coisas mais concretas disponíveis sobre as novas regras. O tempo passou, e claro, não consegui me isolar totalmente das notícias sobre a futura edição. Acabei lendo uma ou outra coisa que apareceu na minha frente, e lendo alguns poucos comentários, a maioria falando mal.
Uns dois meses atrás acabei lendo uma novidade que não me agradou muito. Os tieflings foram padronizados como uma raça na nova edição. Nunca vi tieflings como uma raça separada, e muito menos como criaturas com um padrão físico definido. Tieflings são humanos que têm descendência infernal ou abissal, e portanto possuem alguns traços e características "demoníacas". Algumas vezes características bem aparentes como uma cauda, ou chifres, ou pele escamada, mas outras vezes características bem discretas, como olhos de tom avermelhado, 4 dedos nos pés ao invés dos 5 normais, caninos um pouco maiores que o normal. Você nunca espera um tiefling igual ao outro, e isso era uma das coisas legais de ser tiefling. Padronizando, você perde toda a criatividade na hora de criar as características físicas do seu tiefling, e perde o fator surpresa ao sempre reconhecê-los como criaturas com sangue infernal (ou abissal). Eu não gostei dessa padronização, principalmente, porque eu adoro jogar com tieflings, e sempre me diverti dando características bizarras pros meus personagens tieflings, algumas vezes conseguindo esconder totalmente a descendência infernal deles, e outras vezes tendo características tão discaradas que todos pensavam que eu era um demônio de verdade. E ter que enfrentar o preconceito dos outros PCs ou NPCs sempre deu um tempero ao jogar com tieflings. Transformando os tieflings numa raça e a padronizando acaba com grande parte do jogo que é ser um tiefling.
Na mesma época descobri também que gnomos agora deixam de fazer parte das raças básicas, e passa a ser uma raça do livro de monstros. Eu nunca joguei com gnomos, e se fiz parte duas vezes de um grupo do qual um dos jogadores jogava com gnomo, foi muito. Mas eu acho que os gnomos deveriam continuar como uma raça básica, a não ser que tenha havido uma reformulação completa do que é um gnomo na nova edição. Eu acho menos pior terem feito essa mudança no gnomo, do que a mudança em relação aos tieflings, e eu também não gostei.
Fiquei um tempo sem pensar nessas coisas, mas nesses últimos dias eu resolvi procurar mais informações sobre a nova edição. Meu objetivo inicial era achar mais defeitos que me fizessem desgostar mais ainda da 4a. edição, pra que eu não precisasse me preocupar mais com uma nova mudança de edição num futuro próximo. Principalmente após ler comentários de pessoas achando que a 4a. edição não passa apenas de uma jogada de marketing da Wizards pra ganhar mais dinheiro, e que a maioria das mudanças são pra deixar o jogo pior, e mais simples pras novas gerações de jogadores.
Comecei a ler, e qual não foi minha surpresa ao me ver cada vez mais interessado na 4a. edição. Vendo que o objetivo é sim deixar o jogo mais simples, mas ao mesmo tempo melhorando vários dos defeitos das duas últimas edições. É claro que os livros ainda não saíram, e as informações ainda são escassas, mas algumas coisas da mecânica do jogo me deixaram bem satisfeito.
As raças agora se diferenciam realmente uma das outras, não apenas no aspecto físico. A medida que seu personagem sobre de nível, além dele ganhar nível de classe, ele pode também evoluir suas características raciais. E da mesma forma que cada classe evolui de uma maneira diferente das outras, cada uma das raças também vai evoluir de maneira diferente, deixando um guerreiro humano, totalmente diferente de um guerreiro anão, coisa que geralmente não acontecia nas últimas edições. Eu gostei muito disso, mas infelizmente as informações sobre isso ainda são bem superficiais.
Acontece o mesmo com as classes. Dois personagens de mesma classe podem evoluir de maneiras totalmente diferentes. Por exemplo um guerreiro que escolhe uma espada longa como arma principal, vai se desenvolver e ter habilidades totalmente diferentes de um guerreiro que escolhe um machado de guerra. Algo como os diferentes modos de ataque, que apareceram a primeira vez no "Complete Warrior Handbook". Outra coisa em relação às classes, é que a progressão básica que ia apenas até o 20o. nível nas edições anteriores, agora chega até o 30o. nível. O que ocorre na edição 3.5 e também ocorria na 3a. edição, é que todos os guerreiros escolhem geralmente a mesma progressão de "feats", de modo a otimizar o ataque e o dano, a não ser que ele quisesse escolher uma classe de prestígio que requer um outro "feat" diferente do habitual. O mesmo ocorria nas outras classes. Apesar da lista gigantes de "feats" pra se escolher, se escolhiam sempre os mesmos, com uma pequena variação. A diferença entre os personagens de mesma classe não é muito grande na edição atual, apesar de ter potencial de serem bem diferentes (já é MUITO melhor que em relação a 2a. edição, onde cada personagem era praticamente igual a outros de mesma classe, só mudando o nome, a raça, e atributos principais :P). A impressão que eu tive, é que na 4a. edição a diferenciação entre os personagens de mesma classe sera muito maior, e isso na minha opinião é ótimo.
A mecânica do jogo continua baseada no d20, mas algumas coisas mudaram. Não existem mais os "saving throws", até onde eu sei. O que existe agora são diferentes tipos de defesa. O AC (armor class) continua existindo, mas não existem mais os diferentes tipos de AC ("flat-footed" e "touch"). Ao invés das jogadas de proteção de reflexo, fortitude e força de vontade, os personagens agora tem um valor fixo de reflexo, fortitude e força de vontade. Por exemplo, se um dragão resolver usar sua baforada no grupo, ele é quem deve rolar o d20, e ultrapassar o valor de reflexo dos jogadores, com uma rolada de ataque (que está sujeito a erro crítico, ou acerto crítico), se quiser acertá-los. O mesmo em efeitos que antes necessitavam de "saves" de fortitude e força-de-vontade. Na nova edição, me parece, que existe a possibilidade de se tirar acertos críticos (e erros) com todas as magias. Mas o sistema de críticos mudou. Não é necessário mais se confirmar o crítico, com uma segunda rolagem. Rolou 20 no dado, é crítico e pronto. Ao mesmo tempo, os danos não dobram (nem triplicam ou quadruplicam) mais, o que ocorre quando se tira um acerto crítico, é que o dano é maximizado, e dependendo da arma, você ainda pode adicionar um dado extra ao dano. Outra coisa interessante é que não existe mais morte quando seus pontos de vida chegam aos -10. Esse limite varia com a classe, e com seu nível. E nada mais de regras esdrúxulas pra quando se está com zero ponto de vida.
Só pra finalizar, ao mesmo tempo que a nova edição sair, uma ferramenta será lançada que permitira que se jogue online, com as mesmas facilidades de se jogar numa mesa. Claro que eu ainda prefiro jogar numa mesa, com todo mundo perto, e falando bobagem, mas caso alguém não possa estar presente no local físico do jogo, mas tenha acesso a internet, e estiver querendo jogar, vai ficar bem mais fácil, e será quase tão dinâmico quanto na mesa real de jogo.
Apesar de serem detalhes bem superficiais ainda, ficar sabendo dessas poucas mudanças me animou em relação a 4a. edição, e eu estou ficando muito curioso pra ver o produto final, e todas as suas evoluções em relação às edições antigas, e claro, os defeitos. E se ficar realmente bom, e valer a pena, eu não penso duas vezes em mudar novamente de edição, e deixar a edição 3.5 pra trás.
No comments:
Post a Comment